PSICOLOGIA TRANSPESSOAL
Conforme estudiosos de diversas áreas, atualmente vivemos uma revolução científica e epistemológica caracterizada pelo surgimento de um novo paradigma, o paradigma holístico.
A maioria de nós e nossas grandes instituições sociais segue os conceitos e valores de uma visão de mundo obsoleta, um paradigma que é inadequado para lidar com os problemas do nosso tempo.
O paradigma que agora retrocede, dominou nossa cultura por vários séculos, quando modelou a moderna sociedade ocidental, influenciando também o restante do mundo, consistindo numa série de idéias e valores, tais como a concepção do Universo como um sistema mecânico, o corpo humano associado a uma máquina, a vida como competição, etc.
Holística vem do grego “holos”, que significa “todo, inteiro”. O novo paradigma enfoca uma visão holística do mundo, enfatizando o todo em vez das partes.
A mudança de um paradigma para outro se caracteriza por uma crise.
Fritjof Capra, na obra “O ponto de mutação”, aponta uma profunda crise mundial, considerada complexa, multidimensional, cujas facetas afetam todos os aspectos de nossa vida – a saúde e o modo de vida, a qualidade do meio ambiente e das relações sociais, da economia, tecnologia e política.
Acentua que:
“(...) uma abordagem concebida pelo novo paradigma holístico que reintroduz, no campo da psicologia ocidental, a noção da consciência de unidade e, simultaneamente, aproxima as questões relativas ao crescimento psicológico, à busca espiritual, vistas como antagônicas pelo paradigma dominante (newtoniano/cartesiano), essencialmente fragmentador.”
O enfoque holístico da realidade propiciou o surgimento de um novo campo de pesquisas. Trata-se da Psicologia Transpessoal, um movimento no campo da Psicologia onde o principal objeto de estudo é a consciência humana. Utiliza conhecimentos de várias disciplinas ocidentais e orientais, considerando as recentes descobertas em muitos domínios científicos como a Física, Neurologia, Psicologia, Parapsicologia, Psiquiatria, Biologia Molecular, Sociologia, Antropologia, entre outros, buscando uma integração desses conhecimentos.
Segundo Márcia Tabone em “A Psicologia Transpessoal”:
Com relação à terapia transpessoal complementa que é uma abordagem que procura somar aos principais aspectos das escolas ocidentais um reconhecimento da importância da dimensão espiritual do indivíduo.
Pierre Weil define a Psicologia Transpessoal como um ramo da psicologia especializado no estudo dos estados de consciência que lida mais especialmente com a experiência cósmica ou os estados ditos “superiores” ou “ampliados” da consciência.
Os modelos conceituais que se ocupam do domínio transpessoal incluem a psicologia analítica de Jung, a psicologia do Ser de Maslow e a Psicossíntese de Assagioli.
Conforme Tabone, considerando a visão integradora do homem, do Universo, e desta relação entre ambos, a Psicologia Transpessoal busca a união da moderna pesquisa científica com a tradição esotérica do mundo ocidental e oriental.
De acordo com esta autora, os conceitos da psicoterapia transpessoal fundamentam-se na visão holística da realidade e correspondem às necessidades culturais e científicas do novo paradigma. O homem é visto como um sistema ou totalidade cuja estrutura específica emerge da interação dos níveis de consciência físico, emocional, mental, existencial e espiritual, interligados e interdependentes.
A mudança de paradigma significa, essencialmente, que a abordagem anterior era limitada e não falsa. A ciência moderna demonstra, inclusive, que todas as teorias científicas são aproximações da verdadeira natureza da realidade.
Com relação às limitações impostas pelo paradigma mecanicista às diferentes áreas do conhecimento, cada ciência terá que identificar essas restrições em seu respectivo contexto.
Na Psicologia, a ciência mecanicista não é apropriada ao estudo da pessoa global. Defende-se, portanto, uma ciência baseada na experiência e na qualidade, de caráter complementar à abordagem já existente, que possibilite atingir a compreensão global da pessoa.
As novas teorias psicológicas procuram mostrar a relação indissociável mente-corpo considerando que o organismo é uma unidade integrada que busca espontaneamente o crescimento interior e a auto-realização. Essas concepções culminaram no movimento transpessoal, que indo um pouco mais além, considera a dimensão espiritual do ser humano e constitui uma ampliação das concepções psicológicas tradicionais.
Procura integrar a perspectiva científica ocidental à visão das tradições místicas orientais, produzindo uma interação de abordagens complementares em benefício do ser.
“A crise atual, portanto, não é apenas uma crise de indivíduos, governos ou instituições sociais, é uma transição de dimensões planetárias. Como indivíduos, como sociedade, como civilização e como ecossistema planetário, estamos chegando a um momento decisivo.”
Os recursos terapêuticos incluem a Hipnose Ericksoniana e a Regressão de Memória, método TRT.
HIPNOSE
A indução aos estados de transe para efeitos terapêuticos é muito antiga. Os xamãs primitivos induziam o transe através de cantos e danças. No Egito antigo os doentes beneficiavam-se do transe hipnótico nos Templos do Sono. Há registros de transes de cerca de 4 mil anos. Desde esta época até os dias de hoje, houve momentos de maior destaque deste método terapêutico mas também houve períodos de esquecimento.
A hipnose científica moderna teve sua origem com o médico austríaco Franz Anton Mesmer (mesmerismo), em Viena, no período de 1760 a 1842. Após Mesmer destacaram-se outros nomes como Abade Faria, o médico inglês James Esdaile (1818-1859) que praticava a medicina na Índia, Charcot na França por volta de 1890, Hipolite Berhein (1843-1917), Emile Coué (1857-1926) e Sigmund Freud.
Após um período de esquecimento, ressurge com a necessidade de se abreviar as psicoterapias e suprir a falta de anestésicos por ocasião da Segunda Guerra Mundial.
Destaca-se então a figura do psiquiatra norte-americano Milton H. Erickson (1901 – 1980), que revolucionou a técnica da Hipnose, com uma abordagem indireta, não autoritária, ajustável a cada cliente.
“ Transe hipnótico é um período no qual as limitações que uma pessoa tem, no que diz respeito à sua estrutura comum de referência e crenças, ficam temporariamente alteradas, de modo que o paciente se torna receptivo aos padrões, às associações e aos moldes de funcionamento que conduzem à solução de problemas.“Milton Erickson
Desde 1955 a Hipnose é reconhecida pela Associação Médica da Inglaterra e desde 1958 pela Assoc. Médica Norte-Americana.
No Brasil em 1999 o Conselho Federal de Medicina a reconheceu como “ valiosa prática médica” . No ano seguinte (2000), o Conselho Federal de Psicologia aprovou e regulamentou o uso da Hipnose como recurso auxiliar no trabalho do psicólogo.
A hipnose clínica é um procedimento no qual um profissional de saúde conduz uma pessoa ao transe, através do qual podem ocorrer mudanças nas sensações, percepções, pensamentos e comportamento. Geralmente são utilizadas induções que sugerem relaxamento, calma e bem estar ou visualização de experiências agradáveis.
Entre as aplicações da hipnose estão a redução do stress, o re-equilíbrio emocional, o auto conhecimento, tratamento de medos, depressão, problemas de relacionamentos pessoais, alívio da dor, doenças psicossomáticas e períodos pré e pós-operatório.
Não é mais utilizada aquela hipnose autoritária (Hipnose Clássica), na qual se dava ordens impositivas para o cliente entrar em transe. A partir de Milton Erickson (Hipnose Ericksoniana), que a reformulou por completo, o hipnoterapeuta é apenas o facilitador do processo, permitindo que o cliente entre em transe conforme a sua maneira de ser e sentir, no tempo adequado a cada um, pois sabe que as soluções estão no próprio interior do paciente, basta deixar que aflorem. Identifica-se também a Hipnose Transpessoal, aquela baseada na moderna Psicologia Transpessoal, que inclui a dimensão espiritual em seus fundamentos.
Toda hipnose é auto-hipnose. Para entrar em transe e aproveitar seus benefícios é preciso “querer” que o transe aconteça, “esperar” que aconteça e “permitir” que continue acontecendo.
Hipnose não é o mesmo que sono. A mente está alerta, concentrada, a consciência está expandida e há um profundo relaxamento da mente e do corpo. A consciência moral também permanece alerta, rejeitando tudo que está em desacordo com seus princípios éticos.
A hipnose é um estado de expansão da consciência. A pessoa em transe não perde a consciência e percebe tudo o que acontece à sua volta, como também pode lembrar do que se passou durante a sessão.
Alguns benefícios:
- Aumenta o auto conhecimento e a capacidade de auto-cura.
- Promove a compreensão interior, re-equilibrando as emoções.
- Dissolve a tensão no corpo e no nível emocional.
- Alivia a dor, produzindo analgesia ou anestesia.
- Tem poderosa ação anti-stress.
- Ajuda a encontrar respostas ou soluções para problemas.
- É um valioso recurso auxiliar em várias terapias dentro da Medicina, Psicologia e Odontologia, entre outras.
REGRESSÃO DE MEMÓRIA
Método TRT: Terapia de Revivência Transpessoal
Conceito
A Terapia de Revivência Transpessoal – TRT, é um modelo psicoterapêutico catártico, que tem por objetivo drenar a carga emocional reprimida no inconsciente, em tempo próximo ou remoto, responsável pelos transtornos que geram sofrimento na vida presente do indivíduo, possibilitando a ampliação da consciência sobre as reais causas que originaram tais transtornos. Objetivo
Como um método baseado nos princípios da Psicologia Transpessoal, busca trazer alívio ao sofrimento apresentado pelo cliente, não apenas através da remissão de seus sintomas, mas auxiliando-o na busca de uma maior compreensão de sua própria existência, a partir de uma dimensão cósmica vertical, ou seja, num contexto ampliado de consciência.
Terapia
Após algumas sessões de anamnese e de maior delineamento da necessidade do cliente, é definido um tema a ser tratado na sessão de regressão.
Nunca será realizada uma sessão de TRT apenas por curiosidade do cliente, pois o objetivo é terapêutico.
Num estado alfa de consciência a pessoa revive o que está reprimido em seu inconsciente. Ele vai à origem do trauma causador do sofrimento atual e revive as cenas, esgotando a carga emocional ali contida (catarse). Depois identifica os mandatos que foram gravados em seu inconsciente e reformula-os. Após a síntese integradora de suas vivências com o presente, entre outras partes do processo, há o desligamento das emoções revividas e a reintegração com o presente, passos fundamentais para que o paciente saia bem da sessão e livre de conexões.
A duração de uma sessão se dá em torno de 2h, podendo ir além.
